Tem uma beleza esplêndida a tristeza, a solidão e a melancolia quando viram literatura... elas conseguiram se tornar alguma coisa e não ficaram presas em alguém

quinta-feira, 31 de maio de 2007


Não havia espaço.
Aqueles cômodos enormes abrigavam tudo menos aquele ser.
Nunca havia espaço.
Andava, andava e via as pessoas achando espaços.
Uma a uma, deixava aquele caminho horroroso.
De repente se viu na solidão... todos tinham espaços.
Aquele pobre ser, só passos.

quarta-feira, 30 de maio de 2007


Se sentou naquela velha poltrona solitária, apagou o abajur e se entregou à escuridão. Estava frio, a pele sem muita proteção foi ficando anestesiada e isso pouco importava, sentir não era uma de suas prioridades. A luz da lua entrava pela janela, intrusa, malquista, indesejada e iluminava levemente a capa protetora denominada corpo, as vezes queria fugir, se esconder, fazer desaparecer o corpo porque as vezes se sentia só corpo. E era só isso. Corpo com movimentos mecânicos, programados. Textos feitos, repetidos...

sábado, 26 de maio de 2007

eh assim q tah aki....


- Suas mãos estão frias
- Estão não. Frio está aqui, sinta. (levou a mão ao peito)
- O que aconteceu?
- Esqueci de fechar as portas e janelas, o vento apagou a ultima fagulha existente, aí ficou escuro demais e não consegui fechar. O vento cada vez mais frio achou divertido ficar por aqui tentando congelar... Está conseguindo.

sexta-feira, 25 de maio de 2007

A place like me


Era um prédio impossível de entrar, a menos que fosse de extrema necessidade, e assim mesmo atravessando um labirinto de rolos de arame farpado, portas de aço, falsas dicas, pontes a beira do desabamento, ninhos de metralhadoras, minas e a escolha da auto-flagelação. Até as ruas que conduziam às suas barreiras externas eram percorridas por guardas armados de porretes. O que se tem a ganhar lá? O que pode haver naquele edificio sem janelas que repudia seu entorno? Controle?

quinta-feira, 24 de maio de 2007

O que tenho de bom e ruim que fique pra mim...

A pele fria, pálida, esquecida serviu perfeitamente para fazer uma capa protetora. Não passa nada, nem sopro. O que está fora que se dane. Nada mais importa. Essa pele protege, esconde. Tudo está bem guardado agora, ninguém tira... só acaba quando apodrecer

terça-feira, 22 de maio de 2007


Flores... até que eu cultivava algumas. Morreram.
Ainda fazem parte da minha decoração, mortas, secas. Galhos e espinhos.
São flores? São fracas.
São flores? Não, são galhos.
Quero flores! Vá para outro lugar, tenho somente espinhos.
Espinhos e galhos.
Secos
Fracos
Mortos.

Abafe a voz, sufoque esse grito... nossos ouvidos estão ocupados, pare de atrapalhar. Contenha-se. Guarde pra você, você. O que você vai seguir? Diga para que não tenhamos a fatalidade de nos encontrarmos. Não reclame, pelo menos tem direito de escolha. Escolha o que quiser, mas não aquilo, já é nosso. Nos damos tão bem neh! Melhor convivência não poderia existir... vá logo para aquele seu canto escuro, sua face é cansativa, ficaria melhor com uma máscara. Uma máscara melhoraria bastante as coisas. Pense nisso, é um bom conselho.

domingo, 20 de maio de 2007

é a vida...


Ontem eu estava com um texto pra você. Finalmente eu tinha verbalizado tudo que eu sentia sobre a nossa convivência. Mas aí eu esqueci. Esquecer é perder a lembrança, não pensar, deixar (algo) por distração, abandonar, desprezar, desdenhar...
Ontem eu estava com um texto pra você. Finalmente eu tinha verbalizado tudo que eu sentia sobre a nossa convivência. Mas aí eu desprezei, abandonei, não dei importância.
Esquecer soa mais suave que os seus significados. É uma boa palavra pra quem gosta de suavizar. Vivemos tentando suavizar as coisas, foi por isso que eu esqueci. Sempre quero esquecer as verbalizações dos meus sentimentos, são assustadoras... amar assusta. Isso eu não esqueço... não esqueço o susto que foi quando o amor virou AMOR... é difícil suavizar o AMOR... será que você já sabe que não é amor e sim AMOR? Será que o meu AMOR mata o seu amor? O seu amor morto mata o meu AMOR.

sexta-feira, 18 de maio de 2007

E eu nem sei o que pensar...


Pode fechar a porta?
Faça isso, será melhor... deixe-me aqui. Não agüento mais escutar sua respiração, nem sua voz me lançando palavras que você nem sabe que machucam. Não me toque. Mantenha distancia. Saia e feche a porta antes que eu não consiga mais ficar longe. Vá agora que consigo controlar meus instintos. Corra não vai ser por muito tempo. Decida-se. Estou de olhos fechados esperando o barulho da porta, não quero lhe ver saindo. Não ligue se eu gritar. Eu lhe amo, mas quero matar o amor. Vai doer. Quando sair olhe por baixo da porta, talvez veja o amor estrangulado mergulhado numa poça de lágrimas, minhas lágrimas...

quinta-feira, 17 de maio de 2007

Daquela rosa

As belas pétalas estão frágeis
Não conseguem mais se segurar
Vão caindo de sua galha
Manchando de vermelho
Aquela mesa de centro...
Tão vazia, agora tão vermelha...

quarta-feira, 16 de maio de 2007

Um Velho Manual

As linhas se misturaram, as frases deixaram de ter sentido, palavras perderam seu valor. Conseguiram embaralhar aquelas escritas do velho manual... Me perdi. Coisas que deveriam se manter distantes, quase se entrelaçavam. Me assustei. Regras desregradas, desmedidas, desconexas... desdisseram o que implantaram na minha cabeça. Enlouqueci. Rasguei aquelas páginas com uma força desnecessária, rasguei, rasguei, rasguei até que nenhuma palavra pudesse ser reconhecida... Fiquei lá olhando aquela pilha de papel picado sem saber muito bem o que sentia.

segunda-feira, 14 de maio de 2007


“Há tanto tempo não usado, encontrei o amor, sem querer. Ontem. Jogado debaixo da cama. Empoeirado. Sem caixa, bula, manual. Um amor, assim, abandonado. Sujo. Rasgado. Fóssil soterrado. Navio afundado há anos. Casarão com tábuas pregadas nas janelas. Lençóis brancos sobre os móveis. Um amor acostumado com o escuro. Com o frio do quarto fechado. Com a passagem rápida de um inseto no meio da madrugada. Um velho amor largado. Pronto pra ser reciclado. Procurado por toda casa nos lugares errados. Nos armários limpos. Entre taças. Louças. Dentro de caixas fechadas com laços. Sob tapetes varridos. Cantos desinfetados. Um amor chamado no grito. No gemido da febre. No cochicho da oração. Um amor sumido. Necessitado. Um amor que apareceu quando quis. De repente. Em um lugar inesperado. Há tanto tempo não usado, eu, ontem, tropecei no amor. Empoeirado. Sujo. Rasgado. Abandonado debaixo da cama. Um amor que talvez nem funcione mais.”
por Eduardo Baszczyn


sábado, 12 de maio de 2007

Feliz dias das MÃES


Srtª. Grammont - parte III

Srtª. Grammont se acostumou com as balinhas de gosto esquisito. O ser humano possui essa bela característica, se acostuma com TUDO. Antes, as balinhas lhe tiravam um pouco do frio, mas hoje, parece que seu infinito frio congelou o seu olhar. Só o olhar. Tornou-se duro, imóvel.
O corpo que se encontrava sentado não conseguia mais se sustentar e foi deslizando até encontrar o braço do sofá. Deixou-se jogado, contorcido. Toda rigidez que poderia haver em seu corpo foi para o olhar, esse não mudou, manteve-se estático.
O velho, sempre muito curioso, conseguia até passar uma imagem de preocupação. Ele não era uma má pessoa, sempre estava atento com todos que moravam naquela enorme casa. Gostava de saber se as balinhas de gosto esquisito alcançavam o efeito desejado. Perguntava e perguntava, estava sempre perguntando. Ver a Srtª. Grammont contorcida naquele sofá lhe chamou atenção... Se aproximou, o corpo deixou de ter importância. Aqueles olhos sim chamavam atenção. Como teriam ficado daquele jeito? Nunca tivera visto algo que se assemelhasse. Pegou uma lanterninha e apontou para uma espécie de exame, e nada, não sabia o que estava acontecendo, sabia que aquele olhar lhe fazia pensar sobre coisas que não pensava. O velho se assustou com seus pensamentos. E veio na mente algumas coisas que a Srtª. Grammont falava. Ele sempre ria quando ela falava do vento frio que lhe perseguia e que ultimamente o vento estava com muita raiva e queria castigá-la. Um olhar congelado... será que foi esse o castigo? ... não, não era só um olhar congelado, Srtª. Grammont perdera mais que um olhar... o vento malvado soprara sua alma pra longe, onde ela não alcançaria.
Primeiro preciso consertar as coisas

Você vai ficar bem... eu acho

Você consegue guardar um segredo?

Eu não sei o que fazer.

Te segurar me equilibrava
Agora fico por aí
Encostada nos cantos
Tentando não cair

sexta-feira, 11 de maio de 2007


Leve
Me leve, assim leve como estou
Feito brisa que guia uma pluma
Conduza-me como quiser
Estou livre
Corpo e alma
Ouça a bela melodia que se faz
Me acompanhe nessa dança
Sem passos feitos ou regras
Apenas sinta
Me sinta... leve

É até enjoativo o tanto que falo
Deveria me cansar neh? Pra que falar o que já se sabe? E pra que escutar novamente as velhas palavras que todo mundo diz?
Deve fazer alguma diferença... se não, bastaria dizer uma vez só e teria validade eterna...
Nada é eterno... todo mundo concorda com isso, e por conta disso, acho que devemos sempre deixar explícito o que ainda prevalece ou não.

Você estar na minha vida é perfeito. Nem é exagero.
É bom saber que há um super sorriso pra me fazer sorrir também... e que há uma mão pra puxar minha orelha quando faço coisa errada hehehehehe. Quem ama cuida neh. Obrigada por tudo!


Te amo, assim, de forma sublime...

Caminhava...
Agora, sentindo um pouco mais das coisas. Gostava da maneira como o vento lhe acariciava a pele, as vezes lhe fazia arrepiar. Sentir era tão bom. Fechou os olhos e sem todas aquelas informações visuais conseguia escutar o barulhinho suave que o vento fazia quando passava um pouco mais rápido perto do ouvido. Deu uma vontade de sorrir, ali, sem motivo nem nada, só sorrir, sem o peso de ter motivos... Seguia seu caminho leve, olhando as pessoas, as árvores, os carros, os prédios com algumas janelas iluminadas, o céu com sua bela lua... tudo estava impregnado de poesia, de uma bela poesia e se houvesse uma música naquele momento, certamente seria a que jamais se esqueceria.

quinta-feira, 10 de maio de 2007

Engraçado

Era uma metralhadora de risos. Atirava risos para todos os lados. Parecia aquelas armas de filme que nunca acaba a munição... só estava um pouco descontrolada e sem mira, mas nada de muito grave. Risos não matam ninguém.

terça-feira, 8 de maio de 2007

voz

Sua voz feita para meus ouvidos
Causa reações diversas
Hoje, alegria.
Interrompida por um...
Medo de falar
Minha voz engasgou, a sua também
Meu ouvido sentiu, mandou para meus olhos
Lágrimas
Para que se misturassem com as suas...
Nos misturaremos eternamente
Sorrisos e lágrimas

Vazio. Era como estava aquele lugar. Não sabia como chegara lá. Quando deu por si estava por entre aquelas paredes frias que sussurravam ao seus ouvidos ruídos que lhe adentravam a alma, lhe causavam uma certa confusão. O abandono. Vidraças quebradas. Poeira. Era o seu ser traduzido em edificação. Não mais utilizado, em decomposição. Estava em si, naquela penumbra, sem nada confortável para descansar. Queria poder ouvir aquela velha melodia que acalmava seu coração... ela está perdida, assim como aquele grito que as paredes abafaram. Nada fora. Nada dentro, apenas um ser, perdido como aquela melodia vencida pelo silêncio, torcendo para que algum dia, ao menos partes, se tornassem lembranças...

sábado, 5 de maio de 2007

Queria ter falado com você...
Fiquei esperando, esperando, esperando...
Por fim, cansei. Me canso rápido.
Esperar é um tédio...
Eu queria falar, mas não sabia o que. Só queria...
Falar, falar, falar...
Ahhhhhh
As palavras me sufocam.

psiu


Você me falou em silêncio
Só doeu um pouco mais
As palavras quando ditas são como lanças, perfuram um lugar, causam uma dor.
O silêncio é como se lhe servissem ácido para tomar, e aí começa a corroer por dentro
Você me jogou seu silêncio
E eu tive que traduzir antes que me corroesse por completo
Quase me desfiz, mas sobrou uma carcaça
Essa carcaça medonha que sou agora.

quinta-feira, 3 de maio de 2007

Nós


Ficou um nó
Por causa de nós
Tento desatar
Mas não tem jeito
Esta é minha sina:
Ficar presa por nós...