Tem uma beleza esplêndida a tristeza, a solidão e a melancolia quando viram literatura... elas conseguiram se tornar alguma coisa e não ficaram presas em alguém

terça-feira, 4 de dezembro de 2007

MEUS VINTE E UM



Os primeiros raios de sol invadiram a janela de seu quarto e forçosamente abriram as pálpebras seladas com lágrimas. Abriram e fecharam de dor, e abriram de novo para que seus olhos se acostumassem com a luz, olhou ao redor e não conseguiu identificar aquilo como seu quarto, nenhum objeto em época nenhuma poderia Ter sido seu, aquelas cores estridentes nunca teriam sido de sua escolha... encaminhou-se à janela, mas de lá nada pôde ver. Um muro impedia que a visão se lançasse em busca de qualquer paisagem. Com uma dose de desapontamento seu corpo deu meio giro e dirigiu-se a porta, abriu-a com uma força desnecessária deixando-a bater na parede, o estrondo interrompeu rapidamente o amargo do silêncio, foi tão breve quanto a surpresa de se encontrar diante de VINTE E UM eus, todos enjaulados... parecia que não conseguiam notar a presença uns dos outros, ou se notavam preferiam tratar como inexistentes os outros eus... inimaginável estar ali vendo uma característica realçada em cada eu... vinte e uma etapas ultrapassadas e guardadas... o último dos eus estendia uma das mãos como quem entrega alguma coisa e deixou cair, com um sorriso misterioso, estilhaços de espelho com sangue... era o seu PRESENTE de boas vindas