Tem uma beleza esplêndida a tristeza, a solidão e a melancolia quando viram literatura... elas conseguiram se tornar alguma coisa e não ficaram presas em alguém

terça-feira, 21 de outubro de 2008

Os lábios tingiam a taça de vermelho. A pele suave tocava aquela superfície fria e rápido a língua se molhava com a tal vodka....ahhh boa vodka
Um sorriso surgia e os dentes batiam no vidro.
O sorriso comprado com 10 euros para um absolut.
Ultimamente se pode comprar muitas coisas... até sorrisos.
Menos mal que eu possa comprar o meu
Vamos brindar!
A felicidade!

quarta-feira, 15 de outubro de 2008


Tirou o cigarro da minha boca, tragou e dice:
- Isso não é para você
Aproximou o rosto do meu e com a boca quase encostada a minha soprou a fumaça.
Aqueles olhos profundos invadiram os meus e um arrepio me assustou, passou a mão em meu rosto tão suave que nem sabia se estava sentindo. Saiu.
Segurei seu braço tentando que parasse.
- Porque me diz isso?
Não me respondeu. Lhe puxei forte.
- Por que me diz isso?
Olhou-me.
- Logo verá.
Não segurei o riso.
- O que? Câncer, enfisema?...
- Não me referia a cigarro (riso de canto de boca)
- Me conhece?
- (com um tom sinistro) Mais do que você imagina.
Sobreveio um calafrio
- Quem é você?
Prevelaceu o silêncio... seus olhos me inquietavam.
Tirou minha mão do seu braço delicadamente, ajeitou os cabelos.
- Agora não importa.
Saiu.

domingo, 12 de outubro de 2008

Os lábios abriram suavemente deixando aparecer discretamente um pedaço dos dentes.
Era quase um sorriso.
Quase.
Mas não foi
Abortou.
Os braços se abriram tão doces
Chamavam com tanta insistência
Seria um abraço.
Mas não foi
Os corpos antiaderentes se lançaram longe
Escorregadios
Corriam
Iam
Onde?
Perderam
Corroeram

segunda-feira, 6 de outubro de 2008


É isso. Você conseguiu. Está aí seu castelo de felicidade.
Alegria em todos os cantos.
Invejável.
Imagino que seja gratificante, não é?
Tudo isso...


Que sentes?
Descreva, tente.

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

En la estacion.


Pulou nas vias do metrô no instante em que passava uma linha sem parada.
Foi como aqueles balões de água que explodem...
O sangue se espalhou por todos os lados. Borrou a noticia importante do jornal, tingiu os fios brancos da senhora bondosa, virou o ruge da boneca da menina triste, caiu como ketchup no sanduíche do estudante faminto, interrompeu o beijo apaixonado... Despertou o bêbado, assustou a pobre virgem. O vermelho fugiu das vias que mantém a vida, parou o sorriso do turista, arruinou a cantada da puta, desesperou o condutor, alarmou a cidade, marcou a estação, escorreu junto com as lágrimas do desespero, uniu mãos amedrontadas, impregnou nas cabeças desorientadas.
Pulou e se desfez num único estrondo. Um impulso terminal, o movimento fatal. Estragou a sua carne, abstraiu a forma, inexistiu.

Sem janelas dias e noites são iguais… as horas apenas passam, simples, e aos poucos tudo ganha uma aparência desbotada, pálida, morta...
Aquelas flores secaram, a beleza se esvaiu e vendo tudo se perder a única vontade que urgia era sair...fugir...
A poesia se desfez, as lembranças foram lançadas ao fogo, tentava-se fazer luz... tão rápido se acabou. Nem luz e nem lembranças... o que há agora?
A melancolia nunca se foi...
Está no porto onde os sais se encontram... a gota que vai pra imensidão...sai do infinito do olhar para as profundezas... tristeza. Escura, oculta...
...