Tem uma beleza esplêndida a tristeza, a solidão e a melancolia quando viram literatura... elas conseguiram se tornar alguma coisa e não ficaram presas em alguém

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

En la estacion.


Pulou nas vias do metrô no instante em que passava uma linha sem parada.
Foi como aqueles balões de água que explodem...
O sangue se espalhou por todos os lados. Borrou a noticia importante do jornal, tingiu os fios brancos da senhora bondosa, virou o ruge da boneca da menina triste, caiu como ketchup no sanduíche do estudante faminto, interrompeu o beijo apaixonado... Despertou o bêbado, assustou a pobre virgem. O vermelho fugiu das vias que mantém a vida, parou o sorriso do turista, arruinou a cantada da puta, desesperou o condutor, alarmou a cidade, marcou a estação, escorreu junto com as lágrimas do desespero, uniu mãos amedrontadas, impregnou nas cabeças desorientadas.
Pulou e se desfez num único estrondo. Um impulso terminal, o movimento fatal. Estragou a sua carne, abstraiu a forma, inexistiu.

Um comentário:

Anônimo disse...

perfeito!
o modo como descreve cada acontecimento é muito peculiar.
interessante como podemos ser parecidos com baloes d'agua...ao inves de agua...sangue.

saudades de voce!!
bju bem grande!